Erva-Mate

A história da nossa cidade de Curitiba retratada através da Ilex paraguariensis. Uma estrangeira busca de verdades épicas em sua deslocada época.

  • O barão
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I LOVE

CURITIBA-etc

Quando conheci o Barão gostei logo de cara, mesmo sem conhecer todas as suas histórias. Toda as vezes que conversava com ele me vinha a sensação da brisa do mar, talvez por lembrar da sua origem parnaguara. Os que o conheciam eram presos às suas histórias.


- Sou Curitibano-etc, bravava Ildefonso, seu verdadeiro apelido.


 - Cale a boca Barão! Você é caiçara! Bravejava o preconceituoso pura raça.


- Sou Curitibano-etc sim, o Ricardo me explicou. Assim, “quando um Curitibano é Curitibano em tempo integral, nós o chamamos de Curitibano-Curitibano; quando o Curitibano questiona a natureza e a função de seu papel como Curitibano, falamos Curitibano-etc”


Agora para o preconceituoso só restava a confusão. Ildefonso era conhecido pelas suas loucuras. “E se criássemos um parque público chamado Passeio” apontando para um lugar perto do prédio. “E se todos nós nos juntássemos em um grande coletivo, como se fosse uma associação” depois de dar alguns goles do seu famoso licor de mate para colegas comerciantes. “E se fundássemos um clube amigos” propunha aos seus amigos Curitibanos-Curitibanos. Era louco!


- Eu ainda vou dar orgulho para este cemitério. Profetizava Ildefonso.


- Amo os Curitibanos-etc. “Talvez porque me considere um deles, e não é correto odiar a mim mesmo” imitava seu colega Ricardo.

O Barão foi o maior empreendedor de Curitiba postulando o posto de maior produtor de erva-mate do mundo.

Filho de um militar destituído por se manifestar a favor da independência de Curitiba da província de São Paulo, viu seus irmãos galgarem posições importantes na política e nos negócios e suas irmãs casarem com homens que viriam a ocupar posições de destaque no governo.

Cursou Humanidades no Rio, e com vinte e quatro anos, abriu-se para o comércio ervateiro. Visitou os grandes centros consumidores de erva-mate brasileira, Montevidéu e Buenos Aires, e aos vinte e sete anos, em sociedade, instalou seu primeiro engenho de erva-mate em Antonina. Quatro anos depois viajou aos EUA para exibir seus produtos na Exposição Americana obtendo grande sucesso. Retornando não recusou o convite para ser candidato à deputado provincial, e assim nunca mais deixou de participar de atividades políticas.

Com a construção da estrada da Graciosa, transferiu suas atividades para Curitiba e já acumulava uma riqueza que rivalizava com as famílias mais abastadas e tradicionais do Paraná. Também em Curitiba, adquiriu e modernizou engenhos e assumiu o controle da antiga Typographia Paranaense transformando-a para melhorar as embalagens da erva-marte exportada. Como empreendedor-serial adquiriu o controle acionário da Companhia Ferrocarril de Curitiba, lançou as bases do Banco Industrial e Mercantil, comprou o jornal Diário do Comércio, e foi diretor da Sociedade Protetora de Ensino. Ajudou a fundar a Associação Comercial do Paraná, tornando-se seu primeiro presidente. Alguns comparam-no à Mauá, pois, talvez, nenhum outro paranaense tenha produzido tanto na política ou na atividade empresarial quanto ele.

Abolicionista convicto, quando se tornou presidente da câmara municipal de Curitiba, comprometeu-se publicamente a promover a emancipação dos escravos do município. Em 8 de agosto de 1888, recebeu da princesa Isabel, então regente do Brasil, o título de barão do Serro Azul.

Rótulo que leva no nome do Barão Ildefonso era colocado na tampa das barricas de Erva-Mate. Fonte: Gazeta do Povo

Foto de 1885 do Engenho Tibagi do Barão do Serro Azul onde é a Pracinha do Batel atualmente. Fonte: Gazeta do Povo



Texto e Colagem de Luiz Mileck

Inspiração no texto I love etc-artists, de Ricardo Basbaum

Pesquisa histórica no Wikipedia Brasil


Última atualização: 08 de julho de 2018


"Eu não vou parar. Eu não vou parar nunca"


Curitiba - Paraná.